Com o período sazonal para a ocorrência de casos de malária em Manaus iniciado em junho, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), vem reforçando o alerta para as ações de prevenção a partir do mês de julho, quando a população frequenta áreas de risco de transmissão da doença de forma mais intensa, tendo em conta o período de férias escolares.
A chefe do Núcleo de Controle da Malária da Semsa, Ilauana Oliveira Paz, explica que o período sazonal da doença segue de junho a setembro, com o clima quente e úmido, e da vazante dos rios que formam criadouros, o que favorece a reprodução do mosquito Anopheles, vetor de transmissão da malária.
“No período de verão amazônico, com menos chuvas, a população passa a frequentar as áreas de risco para malária, como os igarapés, margens de rios e lagos, que são locais de reprodução do mosquito. Mas no mês de julho há uma preocupação maior por causa do período de férias escolares. Alguns pais também tiram férias em julho para acompanhar os filhos e fazem passeios para balneários e sítios”, explica.
Em 2024, houve o registro de 6.046 casos de malária em Manaus, sendo que 3.652 foram notificados de julho a dezembro, o que representou um aumento de 152,5% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
“Em junho de 2024, Manaus registrou 250 casos, e no mês de julho foram 432. Esse aumento de casos a partir de julho ocorre anualmente e por isso é importante que a população tenha uma atenção redobrada”, alerta Ilauana.
Diagnóstico
A Semsa também reforça o alerta para a importância do diagnóstico e do tratamento precoces, o que vai evitar complicações pela doença e reduzir os riscos de transmissão.
De acordo com Ilauana Paz, uma das dificuldades para o diagnóstico precoce é que muitas pessoas frequentam balneários, sítios e igarapés na zona rural e retornam já contaminados para o próprio domicílio na zona urbana, mas que não suspeitam da doença de forma imediata.
“Os moradores da zona rural normalmente conhecem os riscos e identificam a suspeita da doença rapidamente. Já os moradores da área urbana não entendem muito bem o risco da exposição nas áreas de possíveis criadouros do mosquito. Então, muitas vezes passam dias com sintomas como a febre, mas sem suspeitar da malária”, aponta.
De acordo com a técnica, esses moradores confundem os sintomas da malária com os da gripe e, nessa situação, não procuram o diagnóstico e não recebem o tratamento adequado. “Se o diagnóstico é demorado, dependendo do organismo e do sistema imunológico, a malária pode se agravar e ser necessário até a internação hospitalar”, enfatiza.
Para o diagnóstico da malária na zona urbana de Manaus, a Semsa ampliou este ano a oferta do serviço na rede municipal, passando de 10 para 41 pontos de atendimento com a oferta de exames, incluindo unidades de saúde e Bases de Controle de Endemias. Além disso, houve a preparação de equipes da Unidade de Saúde da Família (USF) Áugias Gadelha para a oferta dos exames após a entrega das obras. A zona rural conta com 21 pontos de atendimento para o diagnóstico.
Ilauana Paz recomenda que as pessoas que frequentam áreas de risco para malária procurem um dos pontos de atendimento com oferta do exame em caso de sintomas, principalmente febre. Após a exposição ao mosquito, os sintomas podem surgir, em média, depois de 12 a 15 dias. Familiares e outras pessoas que acompanharam o paciente nas áreas de risco também devem fazer o exame, já que nem todos apresentam sintomas, mesmo infectados, e podem manter o ciclo de transmissão.
As recomendações para pessoas que vão fazer o deslocamento em áreas de risco incluem usar repelente e evitar exposição no horário de maior atividade do mosquito, ao amanhecer e ao entardecer. “Se a pessoa for adentrar na mata, deve procurar usar camisas e blusas com mangas compridas e calças”, reforça.
Este ano, Manaus já registrou 2.199 casos de malária entre janeiro e 14 de junho.
Controle
A Semsa atua no controle da malária em Manaus de acordo com as características dos locais de transmissão da doença, em criadouros naturais do mosquito (nas margens de rios, lagos e igarapés) e artificiais (tanques de piscicultura), em áreas rurais e na área urbana.
Por conta das condições de variações climáticas e socioambientais com a transformação constante da floresta, a malária é considerada endêmica em Manaus, inclusive em parte da zona urbana, especialmente em áreas periféricas, onde ocorrem desmatamentos, ocupações desordenadas e que apresentam condições naturais para a proliferação do mosquito transmissor, como os igarapés.
Nas ações de controle, são executadas estratégias com a instalação de mosquiteiros em imóveis localizados em área endêmicas; monitoramento de locais que possam servir criadouros; busca ativa para o diagnóstico precoce, a identificação de assintomáticos e o início imediato do tratamento; e controle vetorial com termonebulização (fumacê) para reduzir a quantidade de mosquitos na fase alada e utilização de biolarvicidas.
Malária
Doença infecciosa febril aguda, a malária é transmitida por meio da picada de fêmea do mosquito Anopheles infectadas por protozoários do gênero Plasmodium, que é o causador da doença. Os sintomas mais comuns da malária são: febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. A doença tem cura e o tratamento é gratuito, mas, se não for diagnosticada e tratada de forma precoce e adequada, pode evoluir para formas graves.
Em caso de suspeita da doença, o usuário deve procurar a unidade de saúde de referência, para a realização do exame, mais próxima de sua casa.

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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa